Ghosting: o que é e como agir quando acontece no relacionamento

Ghosting

Você já estava conversando com alguém todos os dias, trocando mensagens, combinando encontros… até que, do nada, a pessoa simplesmente desapareceu? Sem explicações, sem “foi bom enquanto durou”, sem tchau. Isso tem nome, e infelizmente não é algo raro: se chama ghosting.

Foto: Joe Yates na Unsplash/Reprodução.

Esse termo se popularizou nas redes sociais e no mundo dos relacionamentos para descrever o ato de cortar completamente o contato, de forma repentina, sem qualquer aviso ou justificativa.

Dessa forma, o ghosting não é apenas uma “sumida” temporária. É um sumiço definitivo e silencioso, que costuma deixar quem foi deixado no escuro se sentindo confuso, inseguro e até culpado. Mas a verdade é que, na maioria das vezes, o problema não é você — e entender isso é o primeiro passo para lidar melhor com a situação.

O que exatamente é o ghosting?

O ghosting acontece quando uma pessoa decide encerrar a interação com outra sem comunicar a sua decisão. Então, em vez de falar que não quer mais continuar, ela opta por simplesmente desaparecer: não responde mensagens, ignora ligações e evita qualquer contato.

Isso pode acontecer em diferentes fases de um relacionamento: logo após alguns encontros, no meio de uma conversa mais envolvente ou até mesmo em relacionamentos mais longos. Embora seja mais comum nos relacionamentos românticos, o ghosting também pode ocorrer em amizades e até em relações profissionais.

Essa prática é frequentemente associada a aplicativos de namoro, onde a comunicação é rápida e superficial. Porém, ela também é resultado de uma cultura que evita desconfortos e prefere o caminho mais fácil — mesmo que isso signifique ferir o outro.

Por que as pessoas fazem ghosting?

Embora não exista uma justificativa que torne o ghosting “ok”, é possível entender os motivos que levam alguém a agir dessa forma. Alguns dos mais comuns incluem:

  • Medo de confronto: a pessoa não quer lidar com uma conversa difícil e prefere se afastar em silêncio.
  • Falta de maturidade emocional: não sabe como expressar seus sentimentos ou não aprendeu a encerrar relações de forma saudável.
  • Desinteresse repentino: percebe que não quer seguir adiante, mas não se sente confortável para dizer isso.
  • Outros relacionamentos: às vezes, a pessoa está envolvida com alguém e simplesmente escolhe priorizar essa outra relação.
  • Problemas pessoais: pode estar passando por questões emocionais ou práticas que a fazem se fechar para novas conexões.

Sendo assim, o ghosting é mais um reflexo da forma como a pessoa lida com as suas próprias dificuldades do que uma resposta ao seu valor ou comportamento.

Como identificar que você está sofrendo ghosting?

Muitas vezes, no começo, a gente tenta justificar o silêncio do outro: “talvez esteja ocupado”, “o celular pode ter quebrado”, “deve estar sem internet”. Mas, alguns sinais indicam que o sumiço não é temporário:

  • As mensagens ficam sem resposta por dias ou semanas.
  • A pessoa deixa de interagir nas redes sociais com você.
  • Ela evita encontros ou conversas mais profundas.
  • Não há qualquer sinal de interesse em retomar o contato.

Portanto, se esses sinais persistirem e não houver explicação, é provável que você esteja passando por um caso de ghosting.

Por que o ghosting machuca tanto as pessoas?

O ghosting pode afetar a autoestima e a confiança, porque deixa perguntas sem resposta. Afinal, quando alguém desaparece sem dar um motivo, a mente tende a preencher as lacunas com autocrítica: “o que eu fiz de errado?”, “será que não fui interessante o suficiente?”. Esse tipo de pensamento é natural, mas injusto — porque o ato de sumir fala muito mais sobre quem some do que sobre quem fica.

Além disso, esse sumiço ativa gatilhos emocionais relacionados à rejeição e ao abandono, que podem impactar outras áreas da vida, não apenas o campo amoroso.

Como agir quando você sofre ghosting?

Não existe fórmula única, mas algumas atitudes podem ajudar a lidar com a situação de forma mais leve e saudável:

Não insista em respostas

Quando alguém decide desaparecer, insistir em respostas pode gerar ainda mais frustração. É difícil aceitar, mas o silêncio já é uma resposta. E insistir não garante clareza — apenas prolonga o desconforto.

Evite se culpar

Lembre-se: o ghosting é sobre a incapacidade da outra pessoa de lidar com o fim de forma madura. Não sobre você. Assim, assumir a culpa só aumenta o peso emocional.

Cuide do seu bem-estar

Procure atividades que façam você se sentir bem: sair com amigos, investir em hobbies, praticar exercícios. Isso ajuda a redirecionar a energia e a atenção para coisas positivas.

Estabeleça limites claros

Se a pessoa voltar depois de sumir, avalie se vale a pena reabrir a porta. Afinal, o ghosting é um sinal de falta de consideração, e aceitar o retorno sem refletir pode abrir espaço para novos machucados.

Como prevenir o ghosting em novos relacionamentos?

Embora não seja possível controlar o comportamento dos outros, existem formas de se proteger emocionalmente:

  • Converse sobre expectativas: desde o início, alinhe como cada um gosta de lidar com conversas difíceis.
  • Observe padrões: se a pessoa costuma sumir e voltar, é um sinal de alerta.
  • Invista no autoconhecimento: entender as suas próprias necessidades ajuda a não tolerar atitudes que ferem os seus limites.
  • Não crie dependência emocional: manter a sua vida ativa e os seus próprios interesses diminui o impacto de um possível sumiço.

Existe uma forma saudável de “sumir” em um relacionamento?

Na verdade, não. Encerrar uma relação é sempre mais respeitoso quando feito com honestidade. Sendo assim, mesmo que a conversa seja desconfortável, dizer que não quer continuar é uma demonstração de consideração.

Isso não significa que você precise entrar em detalhes ou justificar cada motivo, mas oferecer um encerramento é um ato de maturidade.

O sumiço no relacionamento é um problema da era digital?

As redes sociais e os aplicativos de relacionamento facilitaram o contato, mas também tornaram mais simples o ato de sumir. Hoje, é possível bloquear, silenciar ou apagar alguém com um clique, sem precisar lidar com a reação dessa pessoa.

Por outro lado, ghosting também existia antes da internet — só que, na época, ele se manifestava de outras formas, como não atender ligações ou evitar encontros. Então, a diferença é que, atualmente, a velocidade e a facilidade do corte de contato potencializam a frequência do problema.

Como transformar a experiência de ghosting em aprendizado?

Mesmo sendo doloroso, passar pelo tão temido ghosting pode trazer lições importantes:

  • Você aprende a identificar sinais de desinteresse mais cedo.
  • Desenvolve maior resiliência emocional.
  • Fortalece a capacidade de se colocar em primeiro lugar.
  • Passa a valorizar mais relações baseadas em respeito e reciprocidade.

Além disso, viver essa experiência pode servir como um lembrete do que você não quer reproduzir com outras pessoas. O famoso “não faça com os outros o que você não gostaria que fizessem com você”, rs.

Por fim, ghosting é uma prática comum, mas que deixa marcas emocionais. Ele revela a dificuldade de lidar com desconfortos e o medo de ser honesto sobre os próprios sentimentos. Por mais doloroso que seja, lembrar que o sumiço fala mais sobre quem some do que sobre quem fica é essencial para não carregar uma culpa que não é sua.

A boa notícia é que é possível superar. Ao cuidar de si, fortalecer os seus limites e buscar relações baseadas em respeito, você reduz as chances de passar por isso novamente — e, caso aconteça, saberá lidar com mais maturidade.

Foto de Capa: Priscilla Du Preez 🇨🇦 na Unsplash/Reprodução.

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