Ghosting: o que é e como agir quando acontece no relacionamento
Postado 16 de agosto de 2025 em Comportamento por Ana Beatriz Cardo

Você já estava conversando com alguém todos os dias, trocando mensagens, combinando encontros… até que, do nada, a pessoa simplesmente desapareceu? Sem explicações, sem “foi bom enquanto durou”, sem tchau. Isso tem nome, e infelizmente não é algo raro: se chama ghosting.

Esse termo se popularizou nas redes sociais e no mundo dos relacionamentos para descrever o ato de cortar completamente o contato, de forma repentina, sem qualquer aviso ou justificativa.
Dessa forma, o ghosting não é apenas uma “sumida” temporária. É um sumiço definitivo e silencioso, que costuma deixar quem foi deixado no escuro se sentindo confuso, inseguro e até culpado. Mas a verdade é que, na maioria das vezes, o problema não é você — e entender isso é o primeiro passo para lidar melhor com a situação.
O que exatamente é o ghosting?
O ghosting acontece quando uma pessoa decide encerrar a interação com outra sem comunicar a sua decisão. Então, em vez de falar que não quer mais continuar, ela opta por simplesmente desaparecer: não responde mensagens, ignora ligações e evita qualquer contato.
Isso pode acontecer em diferentes fases de um relacionamento: logo após alguns encontros, no meio de uma conversa mais envolvente ou até mesmo em relacionamentos mais longos. Embora seja mais comum nos relacionamentos românticos, o ghosting também pode ocorrer em amizades e até em relações profissionais.
Essa prática é frequentemente associada a aplicativos de namoro, onde a comunicação é rápida e superficial. Porém, ela também é resultado de uma cultura que evita desconfortos e prefere o caminho mais fácil — mesmo que isso signifique ferir o outro.
Por que as pessoas fazem ghosting?
Embora não exista uma justificativa que torne o ghosting “ok”, é possível entender os motivos que levam alguém a agir dessa forma. Alguns dos mais comuns incluem:
- Medo de confronto: a pessoa não quer lidar com uma conversa difícil e prefere se afastar em silêncio.
- Falta de maturidade emocional: não sabe como expressar seus sentimentos ou não aprendeu a encerrar relações de forma saudável.
- Desinteresse repentino: percebe que não quer seguir adiante, mas não se sente confortável para dizer isso.
- Outros relacionamentos: às vezes, a pessoa está envolvida com alguém e simplesmente escolhe priorizar essa outra relação.
- Problemas pessoais: pode estar passando por questões emocionais ou práticas que a fazem se fechar para novas conexões.
Sendo assim, o ghosting é mais um reflexo da forma como a pessoa lida com as suas próprias dificuldades do que uma resposta ao seu valor ou comportamento.
Como identificar que você está sofrendo ghosting?
Muitas vezes, no começo, a gente tenta justificar o silêncio do outro: “talvez esteja ocupado”, “o celular pode ter quebrado”, “deve estar sem internet”. Mas, alguns sinais indicam que o sumiço não é temporário:
- As mensagens ficam sem resposta por dias ou semanas.
- A pessoa deixa de interagir nas redes sociais com você.
- Ela evita encontros ou conversas mais profundas.
- Não há qualquer sinal de interesse em retomar o contato.
Portanto, se esses sinais persistirem e não houver explicação, é provável que você esteja passando por um caso de ghosting.
Por que o ghosting machuca tanto as pessoas?
O ghosting pode afetar a autoestima e a confiança, porque deixa perguntas sem resposta. Afinal, quando alguém desaparece sem dar um motivo, a mente tende a preencher as lacunas com autocrítica: “o que eu fiz de errado?”, “será que não fui interessante o suficiente?”. Esse tipo de pensamento é natural, mas injusto — porque o ato de sumir fala muito mais sobre quem some do que sobre quem fica.
Além disso, esse sumiço ativa gatilhos emocionais relacionados à rejeição e ao abandono, que podem impactar outras áreas da vida, não apenas o campo amoroso.
Como agir quando você sofre ghosting?
Não existe fórmula única, mas algumas atitudes podem ajudar a lidar com a situação de forma mais leve e saudável:
Não insista em respostas
Quando alguém decide desaparecer, insistir em respostas pode gerar ainda mais frustração. É difícil aceitar, mas o silêncio já é uma resposta. E insistir não garante clareza — apenas prolonga o desconforto.
Evite se culpar
Lembre-se: o ghosting é sobre a incapacidade da outra pessoa de lidar com o fim de forma madura. Não sobre você. Assim, assumir a culpa só aumenta o peso emocional.
Cuide do seu bem-estar
Procure atividades que façam você se sentir bem: sair com amigos, investir em hobbies, praticar exercícios. Isso ajuda a redirecionar a energia e a atenção para coisas positivas.
Estabeleça limites claros
Se a pessoa voltar depois de sumir, avalie se vale a pena reabrir a porta. Afinal, o ghosting é um sinal de falta de consideração, e aceitar o retorno sem refletir pode abrir espaço para novos machucados.
Como prevenir o ghosting em novos relacionamentos?
Embora não seja possível controlar o comportamento dos outros, existem formas de se proteger emocionalmente:
- Converse sobre expectativas: desde o início, alinhe como cada um gosta de lidar com conversas difíceis.
- Observe padrões: se a pessoa costuma sumir e voltar, é um sinal de alerta.
- Invista no autoconhecimento: entender as suas próprias necessidades ajuda a não tolerar atitudes que ferem os seus limites.
- Não crie dependência emocional: manter a sua vida ativa e os seus próprios interesses diminui o impacto de um possível sumiço.
Existe uma forma saudável de “sumir” em um relacionamento?
Na verdade, não. Encerrar uma relação é sempre mais respeitoso quando feito com honestidade. Sendo assim, mesmo que a conversa seja desconfortável, dizer que não quer continuar é uma demonstração de consideração.
Isso não significa que você precise entrar em detalhes ou justificar cada motivo, mas oferecer um encerramento é um ato de maturidade.
O sumiço no relacionamento é um problema da era digital?
As redes sociais e os aplicativos de relacionamento facilitaram o contato, mas também tornaram mais simples o ato de sumir. Hoje, é possível bloquear, silenciar ou apagar alguém com um clique, sem precisar lidar com a reação dessa pessoa.
Por outro lado, ghosting também existia antes da internet — só que, na época, ele se manifestava de outras formas, como não atender ligações ou evitar encontros. Então, a diferença é que, atualmente, a velocidade e a facilidade do corte de contato potencializam a frequência do problema.
Como transformar a experiência de ghosting em aprendizado?
Mesmo sendo doloroso, passar pelo tão temido ghosting pode trazer lições importantes:
- Você aprende a identificar sinais de desinteresse mais cedo.
- Desenvolve maior resiliência emocional.
- Fortalece a capacidade de se colocar em primeiro lugar.
- Passa a valorizar mais relações baseadas em respeito e reciprocidade.
Além disso, viver essa experiência pode servir como um lembrete do que você não quer reproduzir com outras pessoas. O famoso “não faça com os outros o que você não gostaria que fizessem com você”, rs.
Por fim, ghosting é uma prática comum, mas que deixa marcas emocionais. Ele revela a dificuldade de lidar com desconfortos e o medo de ser honesto sobre os próprios sentimentos. Por mais doloroso que seja, lembrar que o sumiço fala mais sobre quem some do que sobre quem fica é essencial para não carregar uma culpa que não é sua.
A boa notícia é que é possível superar. Ao cuidar de si, fortalecer os seus limites e buscar relações baseadas em respeito, você reduz as chances de passar por isso novamente — e, caso aconteça, saberá lidar com mais maturidade.
Foto de Capa: Priscilla Du Preez 🇨🇦 na Unsplash/Reprodução.