Sentir ciúmes: quando é normal e quando é um sinal de alerta?

Todo mundo já passou por isso: você vê uma curtida “suspeita”, uma conversa animada demais com outra pessoa ou até uma demora para responder o WhatsApp — e, pronto, bate aquele incômodo no peito. Sim, estamos falando sobre sentir ciúmes. E se engana quem acha que isso só acontece em namoro ou casamento. Afinal, o ciúme pode surgir em amizades, no trabalho, na família… ou seja, ele é mais comum (e humano) do que parece.

Mas, será que esse sentimento deveria ser sempre um problema? Ou será que, na medida certa, pode até ser um termômetro emocional importante?

Sentir ciúmes é normal?

Sim, sentir ciúmes é supernatural. Ele acontece quando temos medo de perder alguém que consideramos importante, ou quando sentimos que nossa atenção, afeto ou lugar especial pode estar em risco. Em outras palavras, é o cérebro tentando nos proteger de uma ameaça — mesmo que, às vezes, essa ameaça nem exista de verdade.

Por exemplo, é comum sentir ciúmes quando uma pessoa próxima dá mais atenção a outra. Isso não quer dizer que tem algo errado com você ou com a relação. Porém, pode indicar inseguranças que estão pedindo atenção.

Dessa forma, o ciúme em si não é o problema. O que realmente importa é como lidamos com ele. Afinal, uma coisa é sentir — outra bem diferente é deixar que isso controle suas atitudes, pensamentos ou decisões.

Quando sentir ciúmes passa dos limites?

Como tudo na vida, o equilíbrio é o grande segredo. Então, sentir ciúmes vira problema quando ele se torna constante, intenso ou leva a comportamentos tóxicos, como controlar o outro, fazer acusações sem fundamento, stalkear redes sociais ou alimentar brigas sem motivo claro.

Por isso, existem alguns sinais de alerta:

• Você sente ciúmes até de situações bobas ou que antes não te incomodavam.
• O ciúme vem acompanhado de ansiedade, raiva ou desconfiança constante.
• Você se compara o tempo todo com outras pessoas.
• Sua autoestima despenca cada vez que sente ciúmes.

Nesses casos, o ciúme pode estar refletindo outras questões, como insegurança, baixa autoconfiança ou experiências passadas mal resolvidas. Sendo assim, vale a pena você se perguntar se é o outro que está me causando isso, ou é algo dentro de você que precisa olhar.

Como lidar com o sentimento de ciúmes de um jeito saudável?

Em primeiro lugar, é importante se acolher. Sentir ciúmes não faz de você uma pessoa imatura, exagerada ou dramática. Faz de você humana. Dessa forma, o importante é entender essa emoção, em vez de negar ou explodir com ela.

• Se observe e se questione: “Por que estou com ciúmes agora? O que exatamente me incomodou?”
• Evite suposições. Nem tudo que parece é. portanto, respire antes de tirar conclusões precipitadas.
• Fortaleça a sua autoestima. Afinal, quando você se sente segura sobre quem é, o ciúme tem bem menos força.
• Converse com quem está envolvido. Porém, com calma, sem acusações. Falar sobre sentimentos abre caminhos — brigar fecha portas.
• Se necessário, busque ajuda profissional. Por exemplo, a psicoterapia é um espaço incrível para entender as suas emoções com mais profundidade.

Existe o lado positivo de sentir ciúmes?

Por mais estranho que pareça, sentir ciúmes moderadamente pode servir como alerta de que algo precisa de atenção. Às vezes, ele mostra que a relação está precisando de mais diálogo, de mais presença, de mais clareza nos acordos.

Além disso, o ciúme também pode funcionar como um espelho: ele reflete aquilo que você valoriza, seus medos e até seus pontos de vulnerabilidade. E olhar para isso, apesar de desconfortável, pode ser o pontapé para crescer, amadurecer e se fortalecer emocionalmente.

Portanto, ninguém escolhe sentir ciúmes, mas todo mundo pode escolher o que fazer com esse sentimento. Então, se você sente ciúmes às vezes, tudo bem. Se sente com frequência, vale investigar. Mas, em qualquer caso, vale lembrar que controle não é sinônimo de cuidado, e ciúme não é prova de amor.

Relacionamentos saudáveis são construídos com confiança, escuta e respeito — inclusive por você mesma.

Foto de Capa: Leonid Privalov na Unsplash/Reprodução.